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Com 27 mil quilômetros quadrados, o Alentejo é a maior província lusa em extensão, ocupando 30% do território português. No passado era considerada uma das regiões mais pobres do país, de economia prioritariamente agrária. Hoje, no entanto, vem despontando como produtora do melhor vinho nacional e de uma rica e sofisticada gastronomia, além de ganhar importância nos roteiros turísticos europeus. Esses são alguns dos motivos da localidade ser objeto de estudo de Os Sabores do Alentejo – história, vinhos e receitas, publicação da Editora Senac São Paulo.

Escrito pelo especialista Aguinaldo Záckia Albert, a obra é fruto de viagens e pesquisas realizadas por ele nos últimos quatro anos. Enófilo e apaixonado pela boa mesa, ele relata a tradição e os costumes culinários, apresentando ainda receitas típicas e as principais características dos vinhos do Alentejo. Detalha também as influências das culturas fenícia, árabe, celta e romana, tanto no quesito alimentação quanto na arquitetura. O pão feito à base de trigo e arroz, por exemplo, é uma herança árabe, cuja cozinha é uma das matrizes dos pratos alentejanos.

A primeira parte da obra é dedicada às origens e às características culturais do Alentejo, mostrando os ingredientes que formam até hoje a base da gastronomia local, como o azeite, o queijo, o porco e o vinho. O autor narra também o papel importante dos conventos na criação de doces refinados a partir de 1400. Na segunda metade, o especialista reúne 66 receitas de petiscos, pratos principais e sobremesas típicas. Entre os destaques estão a empada de perdiz, a acorda (sopa característica servida em todo o Alentejo, à base de alho, azeite e pão), o borrego pardo (filhote de cordeiro), o cabrito assado à alentejana, o Bolo de amêndoas do convento da vidigueira e o famoso toucinho do céu.

Como bom apreciador de vinhos, Záckia detalha, no capítulo dedicado à bebida, os diferentes aspectos das uvas produzidas na região, seus sabores característicos, as condições climáticas para que se desenvolvam, além de apontar as principais adegas. Segundo ele, o vinho do Alentejo está passando por uma fase de grandes transformações, tornando-se mais leve e menos rústico, além de apresentar melhor qualidade entre os demais portugueses nos dias atuais. “É uma bebida que pode agradar tanto iniciantes como enófilos de carteirinha, pois tem sabor mais frutado e macio”, afirma. Para completar, o autor oferece uma detalhada rota dos vinhos, com informações turísticas e dicas de bebidas, vinícolas, museus e restaurantes para visitação.