BLOG

por  Aguinaldo Záckia Albert

A VINITALY – Salone Internazionale del Vino e dei Distilati – é a mais tradicional e importante feira de vinhos da Itália e uma das maiores do mundo e acontece , a cada ano, na cidade de Verona, no mês de abril. Em 2013 — sua 20ª Edição —    está agendada para os dias 7, 8, 9 e 10 daquele mês, época em que a encantadora cidade receberá milhares de profissionais do vinho e aficionados de todo o mundo.

Os números da feira impressionam. Em 2012, em sua área de 94 862 m2 (que abriga vários pavilhões), a mostra recebeu 4 255 expositores (de todo o mundo, mas na sua maior parte da Itália), 140 655 visitantes e 2 496 jornalistas. E os números de 2013 deverão ser ainda maiores. É preciso programar-se com muita antecedência para hospedar-se em Verona durante esse período. Os hotéis estão sempre lotados e os preços aumentam consideravelmente. Nas várias vezes que visitei a  mostra  – quer como jornalista, quer como  consultor de vinhos — apenas uma vez consegui me hospedar em Verona, o que não foi nenhum problema, pois assim pude me instalar – e conhecer bem – duas charmosas cidades dos arredores, Mantova e, principalmente, Sirmione, uma das mais belas cidades italianas, incrustada à beira do lago di Garda, para onde voltei muitas vezes em minhas viagens de enoturismo com os Degustadores Sem Fronteiras.  Assim, em menos de uma hora podia chegar à feira e , à noite, já estava fazendo minha passegiata pelas ruas tranquilas dessas cidades, quando não jantávamos em Verona.

A Vinitaly é o lugar ideal para encontrar produtores, saber das novidades da área, participar de palestras e degustações. O fato de acontecer em Verona, uma das mais belas cidades italianas, com um enorme patrimônio cultural que pode ser visto com calma, sem a agitação e o excesso de turistas da não menos bela Veneza, é um plus turístico que não pode ser negligenciado. Passear a pé pelo centro histórico e depois se sentar em uma das mesas dos vários restaurantes da Piazza Bra e tomar um aperitivo ou um café defronte à Arena romana, onde no verão acontece a famosa  temporada de ópera da cidade. Depois, caminhando sempre a pé, percorrer a Via Mazzini, olhando as vitirnes de suas lojas elegantes, e chegar à encantadora Piazza delle Erbe, com sua animada agitação e bons restaurantes. A Casa de Julieta fica a poucos metros dali, embora a maior parte de seus visitantes seja de adolescentes românticos. Mas bem que vale uma visita, assim como a bela Piazza dei Signori e, um pouco mais distante, o Castel Vecchio.

Além de todos esses atrativos, a edição de 2013  terá como novidade a inauguração de seu 11º pavilhão, dedicado aos vinhos orgânicos e biodinâmicos. Trata-se da VIVIT – Wine, Winegrowers and Terroirs, que terá sua segunda edição nesse ano com mais de 120 expositores, uma demonstração da pujança e do interesse que esse tipo de vinho desperta no mercado.

O 20º CONCORSO ENOLOGICO INTERNAZIONALE VINITALY

A Vinitaly é sempre precedida por um grande competição, que ocorria no mesmo ano da feira,  para avaliar e distribuir premios  aos melhores vinhos  inscritos na disputa. Uma importante mudança ocorreu nesse ano. Para uma melhor organizacão da mostra, o concurso foi antecipado para o mês de novembro do ano que precede a feira. Assim, a grande degustação ocorreu entre os dias 12 e 16 de novembro de 2012, da qual tive a honra de participar como jurado convidado ao lado de outro brasileiro, o enólogo Christian Bernardi, diretor da ABE.

Posso garantir ao leitor que foi uma experiência marcante e muito enriquecedora, que me impressionou muito pelo rigor da organização, a cargo do competente Dr. Giuseppe Martelli.   Distribuídos,numa primeira fase, em grupos de 5 membros (dois enólogos italianos, um enólogo internacional designado pela Union Internationale des Oenologues e dois jornalistas indicados pela Veronafiere), os 105 jurados vindos de todo o mundo, degustaram ao todo 2 269 vinhos, provenientes de 23 países. A maioria dos vinhos era da Itália. Uma equipe muito bem treinada de 22 sommeliers fez o impecável serviço dos vinhos, um trabalho extenuante que fez com que cada um andasse 52 km nos 5 dias do concurso!

Ficamos hospedados num confortável e moderno hotel situado a 2 km da feira e, por cinco dias,  obedecemos a uma inflexível rotina. Às 9:00, saíamos de ônibus em direção aos pavilhão da Veronafiera, empresa organizadora do evento e às 9:30 já estávamos degustando os 10 primeiros vinhos até por volta das 10:45. Um break de 30 minutos, para uma água, um pequeno lanche e  um papo para descontrair,e  depois , das 11:15 às 12:30, mais um turno de 10 vinhos. Volta ao hotel para almoço e descanso. Depois, nova rodada das 15:30 às 16:45, meia hora de break, e o turno final das 17:15 às 18:30.

Foram de 40 a 45 vinhos degustados a cada dia e igual número de fichas preenchidas. O número de vinhos degustados  me pareceu bem razoável, sem nenhum exagero que pudesse interferir na análise sensorial das amostras. O ritmo da prova, principalmente na fase classificatória (três primeiros dias) era acelerado para a degustação e o preenchimento de todas as fichas, o que exigia dos examinadores uma boa dose de experiência nesse tipo de concurso. Os vinhos foram degustados às cegas e as garrafas envolvidas por pequenos sacos de tecido. Foram divididos em 10 categorias, e era tudo o que os degustadores sabiam:

1- Vinhos brancos tranquilos da safra de 2011;

2- 2- Vinhos brancos tranquilos da safra de 2010 e anteriores;

3- Vinhos brancos tranquilos elaborados em barrica ou amadurecidos em carvalho;

4- Vinhos tintos tranquilos produzidos nas safras de 2010 e 2011;

5- Vinhos tintos tranquilos com de 3 a 4 anos (safras de 2008 e 2009);

6- Vinhos tintos tranquilos de 5 a 6 anos (safras de 2006 e 2007);

7- Vinhos tintos tranquilos com mais de 7 anos (safras anteriores a 2005);

8- Vinhos rosados tranquilos;

9- Vinhos doces naturais tranquilos;

10- Vinhos licorosos tranquilos.

O 20º Concorso Internacional Vinitaly confirmou seu status de ser a mais rigorosa e mais seletiva competição de vinhos do mundo, auferindo medalhas para apenas 3% dos vinhos inscritos, ou seja, 64 medalhas (Grande Medalha de Ouro, Medalha de Ouro, Medalha de Prata e Medalha de Bronze)  em 16 categorias para um universo de cerca de 2 300 vinhos.

O padrão de qualidade dos vinhos inscritos pode ser classificado de muito bom. Para falar apenas dos tintos tranquilos, pode-se notar o predomínio dos vinhos encorpados e macios, com muita cor e fruta. Mais tarde, ao receber os resultados, pude verificar a grande presença de vinhos italianos com essas características como o Amarone ,sicilianos, puglieses e também de outras regiões  meridionais.

Cito abaixo algumas das principais premiações:

PREMIO SPECIALE GRAN VINITALY 2012

Magnotta Winery Corporation – Vaughn (Canadá) – Garn Medaglia D´Oro

PREMIO SPECIALE VINITALY NAZIONE 2012

CROÁCIA – Badel 1862 – Zagreb

ITÁLIA – Olearia Vinicola SCA – Orsogna

HUNGRIA – Varga Pinceszet KFT – Badacsoyors

GRAN MEDAGLIA D´ORO por categorias:

Sauvignon Vrunsko Suho Vino Vinogorje Darujar 2011 (Croácia) – Branco tranquilo safra 2011

Alto Adige DOC Gewürztraminer “Elyònd” 2010 (Itália) – Branco tranquilo safra anterior a 2010

Castelli Di Jesi Verdicchio Riserva DOCG Classico “Vigna Novali” 2010 (Itália) – Branco afinado em madeira

Montepulciano D´Abruzzo DOC 2011 Terzini – (Itália) – Tinto tranquilo das safras 2010 e 2011

Montepulciano D´Abruzzo DOP 2009 Creavini (Itália) – Tinto tranquilo das safras 2009 e 2008

Amarone della Valpolicella DOC Classico Riserva 2007 Buglioni – (Itália)Tinto tranquilo de 5 a 6 anos

Amarone della Valpolicella DOC Classico “Corpus” 2000 Villa Rinaldi –(Itália) Tinto tranquilo de mais de 7 anos

Histonium IGT Rosato “Vird´Vird” 2011 Sergio del casale (Itália) – Vinho Rosado

Vin Santo Del Chianti DOC 2008 Fattoria La Vialla (Itália) – Vinho Doce natural

Marsala DOC Vergine Stravecchio Soleras 1980 Giuseppe Casa Vinicola (Itália) – Vinho Licoroso

Conegliano Valdobbiadene Prosecco DOCG Frizzante 2011 (Itália) – Vinho branco ou Rosado Secos e Semi-secos

Emilia IGT Lambrusco Frizzante “Otelo Etichetta Nera” 2011 (Itália) Vinho Frizante com até 35 gramas de resíduo de açúcar

Lambrusco Salamino di Santa Croce DOC Frizzante Amabile 2011 Santa Croce (Itália)- Vinho frizzante com + de 30 gramas de resíduo de açúcar

Valdobbiadene Prosecco DOCG Supeiore Spumante Extra Dry Millesimato 2011 San Gregorio (Itália) – Vinho Espumante Charmat

Vino Spumante di Qualiatà Brut 2007 Milazzo (Itália) – Vinho Espumante Método Clássico

Vidal Sparkling Icewine Niagara Peninsula VQA “Limited Edition” 2008 Magnotta (Canadá) – Vinho Espumante Doce