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Minha primeira visita à Vinitaly aconteceu em 2002 e pude expressar minhas impressões numa reportagem que escrevi na edição número 30 desta mesma Vinho Magazine. Havia voltado muito impressionado pelo gigantismo da feira e pelo desenvolvimento da indústria vinícola italiana, sem falar da beleza da cidade de Verona. Quatro anos depois, volto ao Vêneto e revejo a bela cidade, que Shakespeare tornou célebre, para visitar a 40a edição da feira, e mais uma vez volto com a melhor das impressões.

A mostra estava maior ainda, muito melhor organizada e os vinhos da Enotria apresentaram uma sensível melhora em seu nível de qualidade. Por seus onze enormes pavilhões e quase outras tantas salas passaram este ano 144 mil visitantes de todos os quadrantes do mundo, número 10% maior do que a do ano anterior. A área de exposição da mostra somou 8 000 metros quadrados tomados por 4 200 expositores, em sua esmagadora maioria italianos. A presença de produtores e outras nações foi, como sempre, discreta, embora produtores de 30 países se fizessem presentes. Na verdade, a Vinitaly é uma mostra eminentemente italiana, e nem por isso deixa de ser muito interessante, devido à enorme riqueza e variedade de vinhos que se pode encontrar no país da “bota”.

As instalações se refinaram, os corredores se alargaram e a multidão de aficionados do vinho pôde circular e ser atendida com mais conforto nos estandes. O destaque foi o pavilhão siciliano, que impressionou pela beleza e funcionalidade de suas instalações, sem falar da qualidade de seus vinhos, um fato impensável anos atrás, quando os vinhos de qualidade italianos eram produzidos exclusivamente nas áreas mais desenvolvidas do norte, o Piemonte, a Toscana e o Vêneto dando as cartas.

Os dados de uma pesquisa divulgada na Feira , realizada junto aos restaurantes italianos na faixa média-alta, confirmam tal fato: os vinhos da região centro-sul da Itália vêm ganhando a preferência da maioria dos consumidores, com destaque especial aos vinhos oriundos da Sicília.

Não só a Sicília fez boa figura, mas também outras “regiões emergentes” do sul, como a Puglia, a Campânia e o Abruzzo, para citar apenas algumas, confirmando a tese de que os vinhos de qualidade tendem a se espalhar de forma mais homogênea por toda a Itália. O interesse por estas novas regiões vem crescendo ano a ano, e o pavilhão da Sicília foi um bom exemplo disso. Para se ter idéia do afluxo de público interessado em degustar seus Nero d’Avola, Nerello Mascalese e Grechettos, a organização da feira divulgou que foram usados cerca de 36 000 taças de degustação em cada um dos 5 dias da mostra.

Tal fato, no entanto, não obscureceu o brilho das consagradas regiões do Piemonte e da Toscana, que apresentaram vinhos notáveis, mostrando que também ali a qualidade do vinho italiano continua a crescer.

Outro ponto positivo desta última edição da mostra foi o crescimento do público profissional ligado ao vinho e a queda na presença do consumidor final. Além disso, a presença de expressiva de compradores e consumidores do estrangeiro – 23 % do total de 144 mil presentes – conferiu maior brilho à festa.

O produtor Angelo Gaja – o grande mito do vinho italiano — declarou à imprensa ter sido esta “a melhor Vinitaly dos últimos 30 anos, com ótimos contatos e uma organização muito boa”. A Veronafiere, empresa organizadora da Vinitaly, já anunciou a agenda dos próximos eventos. Edições internacionais da Vinitaly ocorrerão, ainda este ano, na Rússia (maio), EUA (outubro), Japão (novembro) e China (novembro). Como se pode ver, o irresistível interesse pelo vinho continua crescendo pelo mundo e ampliando o desenho de suas fronteiras.

AGUINALDO ZÁCKIA ALBERT

Publicado na Revista Vinho Magazine #68, de setembro de 2006