DÃO

AGUINALDO ZÁCKIA ALBERT

Portugal é sinônimo de riqueza e diversidade quando o assunto é vinho. É realmente notável como, num país de tão modesta extensão territorial, se pode encontrar uma gama tão grande de microclimas, variedades de uvas e estilos de vinhos.

Uma dessas regiões que merecem destaque é o Dão, que completa esse ano seu centenário como Região de Origem Demarcada. Ocupando a província de Beira Alta, no centro-norte de Portugal, entre os rios Douro e Tejo, o Dão tem em Viseu a sua capital regional. Os rios Dão – que empresta seu nome à zona – e o Mondego cortam essa bela região cercada por serras e coberta por farta vegetação, constituída principalmente por pinheirais. Dá gosto caminhar por essas terras verdes, encher os pulmões com seu ar tão puro e apreciar a beleza da paisagem marcada pelos vinhedos levemente acobreados pelo início do outono.

O clima ali é temperado e seco no verão, ideal para a maturação das uvas, e frio no outono e no inverno, quando a vinha hiberna. O granito e o xisto cobrem a maior parte das encostas, onde são plantados vinhedos de suas principais uvas regionais, as tintas Alfrocheiro, Touriga Nacional, Tinta Pinheiro, Bastardo, Tinta Roriz, Jaen, e as brancas Encruzado, Sercial, malvasia Fina, Verdelho e Borrado-das-Moscas.

Os primeiros documentos comprovando o plantio da videira e a produção de vinho na região datam do final do século XIV, o que faz do Dão uma das mais tradicionais regiões portuguesas. Os vinhos tintos constituem a maior parte da produção e se caracterizam por uma bela coloração rubi-brilhante, aromas delicados, boa acidez e aptidão para a guarda. Seu teor alcoólico não é muito alto e o estágio em carvalho é a norma, durando até 18 meses. Os brancos, bastante frescos e frutados, geralmente afinam cerca de 6 meses em barricas.

O RENASCIMENTO DO DÃO

Depois de um longo período em que a qualidade dos vinhos da região periclitou, devido principalmente à produção excessiva e qualidade sofrível que marcou os anos 1970, o vinho do Dão renasceu nos últimos anos, voltando a ter uma posição de destaque no cenário português.

• Produtores – José Maria da Fonseca (Dão Terras Altas), Caves Acácio, Caves Aliança, Messias, Caves Dom Teodósio, Sogrape (Dão Grão Vasco) etc.